quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Mostra em NY exibe obras de dama da arte concreta



Exposição de Judith Lauand traduz bom momento de brasileiros nos EUA


Geraldo de Barros, Mira Schendel e Lygia Clark também ganharam mostras na cidade americana em 2014
GIULIANA VALLONEDE NOVA YORK
Judith Lauand ganhou notoriedade por sua produção de arte concreta na década de 1950. Mas a obra da artista paulista foi também pop, política, feminista e até subversiva, diz a historiadora de arte americana Aliza Edelman.
Edelman é responsável pela curadoria da primeira exposição individual de Lauand, hoje com 93 anos, em Nova York. São cerca de 30 obras, produzidas entre os anos 1950 e 2000, expostas até 19 de dezembro na galeria Driscoll Babcock.
Lauand não viajou aos Estados Unidos para a mostra por questões de saúde.
A curadora conheceu o trabalho da artista ao escrever um ensaio sobre mulheres e a abstração geométrica nas Américas do Norte e do Sul, em 2010. A partir daí, começou o esforço para levar as obras de Lauand aos Estados Unidos.
"O mais importante para mim ao fazer essa exposição era expandir a conversa sobre Judith. Ela é muito conhecida por sua produção nos anos 1950, mas seu trabalho nas décadas seguintes é incrível", afirmou Edelman à Folha.
Estão na mostra telas que trazem a precisão e o controle da produção concretista, mas também trabalhos que mostram as experimentações da artista com materiais, a estética pop e as críticas subliminares ao regime militar, a partir dos anos 1960.
Judith Lauand foi a única mulher a participar do grupo Ruptura, que fundou no começo dos anos 1950 o movimento concreto. Entre os integrantes, estavam também Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros e Lothar Charoux.
Embora bastante conhecida no mercado de arte da América Latina, a dama do concretismo ainda é pouco familiar ao público europeu e norte-americano. No ano passado, ganhou também sua primeira individual em Londres.
"Ela não viajava para países na Europa ou para os Estados Unidos, então isso a tornou pouco conhecida nesse circuito, diferentemente de outros artistas de sua geração", diz Edelman.
Para conseguir realizar a exposição de Lauand, a curadora aproveitou o bom momento para os brasileiros no mercado americano.
"Há mais atenção à arte latino-americana agora nos Estados Unidos, então tivemos muita receptividade", afirma Edelman. Mira Schendel, Geraldo de Barros e Lygia Clark estão entre os artistas que ganharam mostras em Nova York neste ano.
Berenice Arvani, galerista que representa Lauand, concorda que o momento é bom para os concretistas brasileiros nos EUA. "A receptividade melhorou muito nos últimos anos", disse.
"Quando comecei a trabalhar com a Judith, há sete anos, as obras eram vendidas por R$ 15 mil. Hoje, o preço no mercado chega a US$ 150 mil (R$ 390 mil)." Folha, 26.11.2014.
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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Obras mais baratas lideram crescimento: Feiras com peças a partir de R$ 2.000 e novas lojas on-line assumem dianteira da expansão do mercado de arte


Eventos como a Parte dobram de tamanho enquanto galerias virtuais planejam até abrir espaços físicos

SILAS MARTÍDE SÃO PAULO
Na última feira Parte, há duas semanas, o empresário Henrique Noya se apaixonou por uma escultura. Decidiu comprar na hora, parcelada em três vezes no cartão de crédito, a obra de R$ 9.500.
"Não posso dizer que tenho uma coleção ainda", dizia. "A gente se mudou para um apartamento maior e queria coisas bacanas para decorar", emendava sua mulher, Violeta.
Em feiras com obras mais baratas, em que trabalhos custam em média R$ 7.000, esse comportamento se repete cada vez mais. Organizadores da Parte estimam ter movimentado mais de R$ 4 milhões, 20% a mais do que no ano passado.
É um crescimento superior ao das galerias mais estabelecidas, que embora tenham registrado uma expansão de 27,5% no ano passado, segundo dados da Abact, associação que representa essas casas, deverá encerrar 2014 com um aumento abaixo de 20%, também de acordo com projeções do mesmo grupo.
Desde que surgiu há quatro anos, a Parte já dobrou de tamanho e turbinou o surgimento de eventos parecidos pelo país, como a Artigo, no Rio, e uma feira que o Memorial da América Latina abre em dezembro. Também alavancou a esfera virtual, sinalizando que esse segmento mais popular tomou a dianteira do mercado.
"Tem gente que vem e faz um rapa', levando cinco obras de uma vez", conta Lina Wurzmann, uma das diretoras da Parte. "São pessoas que têm poder aquisitivo, mas não têm hábito de comprar. É uma questão de treino do olhar."
'GOSTOU? COMPRA'
Também é questão de perder o receio de entrar numa galeria de arte. Nesse ponto, as lojas on-line, em que clientes compram obras de até R$ 6.000 sem ser intimidados pela rispidez que reina no meio, vêm crescendo no país.
Uma das maiores delas, a DemocrArt, está há quatro anos na esfera virtual e cresceu tanto que planeja abrir cinco galerias físicas em três capitais do país em 2015, esperando dobrar o faturamento anual de R$ 3,5 milhões.
Outras galerias virtuais, como a Conectearte e a Turn To Art, também relatam vendas bem acima das expectativas.
Elas ilustram a consolidação de um fenômeno que já vingou no exterior. Um relatório recente da seguradora britânica Hiscox calculou que o mercado global de arte on-line movimentou R$ 4,2 bilhões no ano passado e deve chegar a R$ 9,8 bilhões nos próximos quatro anos.
De acordo com o mesmo estudo, a porta de entrada para esse mercado são gravuras e serigrafias em edições limitadas. São peças de menos de R$ 2.000 que atraem 55% dos colecionadores iniciantes --é o grosso do que vendem as novas galerias virtuais no país.
"Esses sites desmistificam a coisa", diz Fernanda Marochi, sócia do Turn To Art. "Mostra que arte pode ser acessível. Gostou? Compra." Folha, 19.11.2014.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Para atrair visitantes, museu planta obra falsificada em exposição


Por WILLIAM GRIMES


O artista do século 19 James E. Buttersworth foi um titã no campo da arte marinha, mas não pode ser descrito como famoso. Apreciado por suas cenas detalhadas e belas de iates de corrida e clippers (um tipo de veleiro muito veloz), ele é desconhecido pelo grande público, razão pela qual seu poder de atrair visitantes é limitado.
Para superar esse obstáculo, o Mariners' Museum, em Newport News, Virgínia, teve uma ideia inovadora para a mostra que está promovendo da obra do pintor: incluir uma tela falsificada na exposição e desafiar os visitantes a farejar a imitação em meio às 34 obras genuínas de Buttersworth.
Museus e obras falsificadas são inimigos naturais. "O museu não podia dar a impressão de estar gastando dinheiro com o trabalho falsificado e incluindo-o na coleção", disse Lyles Forbes, curador-chefe do museu e organizador da mostra "B Is for Buttersworth, F Is for Forgery: Solve a Maritime Mystery" [B de Buttersworth, F de falsificação: elucide um mistério marinho], aberta em outubro.
Forbes contou que nem sabia ao certo como adquirir uma obra falsificada. Ele contou com a ajuda de um homem que concordou em se identificar apenas como "um amigo do museu".
O amigo se encarregou de obter uma tela falsificada de Buttersworth, tarefa que se mostrou relativamente fácil. Em matéria de falsas obras de Buttersworth, quase todos os caminhos levam a um homem: Ken Perenyi.
Perenyi passou anos estudando e imitando o trabalho de Buttersworth, lucrando com a venda de seus trabalhos a marchands e colecionadores que não sabiam tratar-se de falsificações. Perenyi não hesita em admitir o que fez. Ele relatou seus tempos de "pirata", produzindo telas falsas de Buttersworth e Martin Johnson Heades, os dois pintores que ele mais imitou, no livro "Caveat Emptor: The Secret Life of an American Art Forger", lançado dois anos atrás. Hoje ele faz seu trabalho legalmente.
Por meio de um intermediário, o amigo do museu adquiriu um falso Buttersworth do estoque de Perenyi, pagando entre 5% e 10% do preço que a tela poderia alcançar se fosse autêntica. Perenyi disse que seus preços variam entre US$ 5.000 e US$ 150 mil.
O museu fez questão de não mencionar Perenyi, que disse só ter tomado conhecimento da exposição quando um repórter o procurou, dizendo que um trabalho dele estava na mostra. Forbes explicou: "Não queríamos legitimar o falsificador de qualquer maneira nem passar a impressão de o estarmos promovendo".
Ao entrar na exposição, os visitantes se aproximam de uma imagem digital de "Magic and Gracie off Castle Garden", tela de Buttersworth de 1871 que mostra dois iates, com as velas ao vento, participando de uma regata.
Numa tela de televisão ao lado, "pontos sensíveis" ativados com o toque de um dedo explicam os detalhes do quadro: a assinatura, o tamanho, elementos do segundo plano, o céu e o tempo, o mar e as gaivotas, a composição e os detalhes minuciosos dos barcos.
Ajudados por pistas escondidas nos textos nas paredes, os visitantes tentam identificar a tela falsificada. Aos que a descobriram é pedido que não revelem o segredo.
Forbes convidou Colette Loll, da empresa de consultoria Art Fraud Insights, a escrever alguns dos textos. A respeito de Perenyi, Loll comentou: "Ele parece não sentir qualquer remorso por ter diluído, com todas as falsificações que inseriu no mercado, o conjunto da obra de um artista que alega admirar".
Perenyi se mostra muito disposto a explicar as técnicas necessárias para criar uma falsa tela de Buttersworth: as paisagens de fundo, geralmente de Nova York; o efeito da luz sobre as nuvens e a água, refletindo a influência dos pintores luministas, e a atenção dada aos detalhes. "O mais difícil de emular é o modo como ele pintava a água", disse o falsificador. "Buttersworth não usava a técnica desenvolvida por artistas britânicos para pintar ondas e água. Ele enrola ou torce o pincel com os dedos enquanto o puxa pela tela, obtendo faixas mais iluminadas."
Perenyi disse que o estudo detalhado da obra de Buttersworth e a prática constante o colocam em pé de igualdade com o mestre.
"Se Buttersworth pudesse voltar a viver, ele me daria um aperto de mão", acredita. NYT, 18.11.2014.
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Artista sapateia no lixão e navega no esgoto em vídeos: Berna Reale mostra novas performances em que critica a política do país

Conhecida como Marina Abramovic do Pará, autora abre a primeira mostra individual em SP, na galeria Millan

SILAS MARTÍDE SÃO PAULO
Uma figura de terno dourado e máscara antigás sapateia sobre um tapete vermelho estendido num lixão ao som de "Singin' in the Rain".
Em sua nova performance, Berna Reale, que abre agora uma mostra na galeria Millan, em São Paulo, tenta escancarar as contradições de um país como o Brasil, onde "é chique morar à beira do esgoto".
Essa artista de Belém, aliás, vive entre dois mundos contrastantes, alternando o trabalho de perita criminal com o de artista plástica. Quando não está investigando assassinatos na capital do Pará, está em seus vernissages em São Paulo e no Rio.
Talvez venha desse trânsito entre o submundo e a pretensa aura de luxo dos museus e galerias de arte a potência aguda de seus trabalhos.
Reale, 48, já serviu um banquete de vísceras sobre o próprio corpo nu a uma revoada de urubus. Também já foi carregada pelada como uma carcaça animal pelas ruas de Belém e saiu vestindo uma focinheira sobre um cavalo pintado de vermelho faiscante.
Essas performances já renderam à artista o apelido de Marina Abramovic do Pará, numa comparação com as ações viscerais da performer sérvia, que já tirou a roupa e se mutilou diante do público.
Mas Reale parece preferir a tragicomédia ao drama de Abramovic. Suas ações ironizam os desmandos da política local, sempre beirando o cômico num país que se acostumou a rir para não chorar.
Nessa pegada histriônica, Reale mandou construir uma canoa que encheu de ratos brancos e saiu remando pelos canais de esgoto de sua cidade, contornando os esqueletos de novas torres de apartamentos que brotam ali.
"Isso tem uma relação com a política", diz Reale. "Parece que os nossos políticos, como esses ratos brancos, navegam no lixo imunes a tudo o que está ao seu redor."
Em sua primeira individual em São Paulo, Reale também mostra um desfile de garotas usando um aparelho na boca que imita as feições de uma boneca inflável, uma alusão a episódios de assédio sexual.
Vestidas de colegial, com camisa branca e minissaia rosa, suas meninas marcham ao som de uma banda militar.
"Queria esse som da repressão", explica Reale. "É para mostrar o quanto isso é silenciado, como elas se calam."
Reale, ao contrário, não fica calada, mas arrisca adentrar um território perigoso no campo da arte ao deixar seu trabalho ganhar cada vez mais um caráter panfletário, o que às vezes põe em xeque a força de suas alegorias.
Ela diz, no entanto, que suas ações não perderam a crueza. "Não tem treino, então nada se torna algo teatral", diz a artista. "Eu ainda interfiro na realidade."

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Onda abstrata

Grandes exposições em cartaz no país reveem a trajetória de dois mestres da arte que aboliram a figuração, com obras do russoWassily Kandinsky, em Brasília, e do alemão Hans Hartung, agora em São Paulo

SILAS MARTÍDE SÃO PAULO
Na superfície são rabiscos, linhas às vezes raivosas, às vezes mais soltas. Mas a pintura de Hans Hartung, uma pesquisa obsessiva dos gestos e da energia dos traços, não passa desse primeiro plano.
Esse artista alemão, morto aos 85, há 25 anos, fez de sua obra uma arquitetura chapada, telas em que traços premeditados entram em choque como num campo de forças.
Nas 162 obras do artista agora no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, fica claro como Hartung tentou eliminar qualquer ideia de profundidade para estabelecer em seus quadros um espaço quase cósmico, um vazio estruturado por suas linhas.
"Ele se interessa mais pelo gesto do que pela figura", diz Bernard Derderian, um dos curadores da mostra. "Não há referências a nada que não esteja na tela. É a cor por ela mesma, a mancha sozinha."
Talvez porque Hartung tivesse horror a qualquer narrativa mais concreta. Nascido na Alemanha, ele se exilou na França e lutou contra os nazistas na Legião Estrangeira, perdendo uma perna na Segunda Guerra Mundial.
Enquanto nos anos 1920 suas aquarelas, já abstratas, refutam qualquer ideia de contornos estruturais e parecem atmosferas coloridas e etéreas, as obras criadas depois do conflito parecem mais erráticas, com traços firmes.
Hartung planejava cada traço em desenhos e depois traduzia essa espontaneidade aparente para as pinturas, num avesso dos espasmos de um Jackson Pollock, o artista norte-americano, morto aos 44, em 1956, que foi o maior herói do expressionismo abstrato nos Estados Unidos.
"Ele era a resposta europeia à obra de Pollock", diz o italiano Achille Bonito Oliva, um dos maiores estudiosos da obra do alemão. "Enquanto Pollock expressa a vitalidade, Hartung criou uma gestualidade meditada. É um gesto que se torna força libertária."
ÚLTIMO RESPIRO
Nesse sentido, Hartung também é visto como o último respiro potente da arte europeia nos anos 1950, quando Nova York desbancava Paris como capital global da cultura.
"Ele foi o último representante da hegemonia da Europa no campo artístico", diz Derderian. "Sua obra se tornou um símbolo da modernidade na pintura abstrata."
No caso, uma modernidade descolada, em certo sentido, de sua biografia. Hartung não narrou histórias. Seu esforço foi criar uma abstração plena, livre de significados, que fosse só uma investigação da potência dos gestos.
É nesse ponto que Hartung, na opinião de Bonito Oliva, tomava distância da primeira geração de artistas abstratos, que pareciam fazer de seus traços uma ilustração das cicatrizes da guerra.
"Sua arte é fruto de um ritual iniciático", diz Bonito Oliva. "É uma coisa capaz de curar e ao mesmo tempo engendrar um novo movimento."

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Livro do melhor da arte do século 21 tem 4 brasileiros


Recém-lançado pela editora Phaidon, volume traz 85 nomes da arte mundial


Renata Lucas, Rivane Neuenschwander, Ernesto Neto e Marcelo Cidade são os artistas do Brasil presentes na obra
SILAS MARTÍDE SÃO PAULO
Enquanto Ernesto Neto é festejado pelas formas "amorfas e pendulares" de suas esculturas gigantes, Rivane Neuenschwander é lembrada pela "celebração do efêmero" em sua obra plástica.
Junto deles, Marcelo Cidade e Renata Lucas são os outros dois brasileiros que aparecem em "The 21st Century Art Book", pretensioso volume recém-lançado pela editora britânica Phaidon que tenta elencar o melhor das artes visuais deste século.
Um desses livrões que fazem bonito em qualquer mesinha de centro, o lançamento vale mais por seu aspecto decorativo do que por um conteúdo mais substancial a respeito desses artistas.
Mas essa não é mesmo a ideia. "Queríamos coisas com um apelo visual, que ficassem bonitas na página", conta Rebecca Morrill, editora do livro. "No mundo ideal, seríamos mais rigorosos com a seleção, mas acabamos incluindo coisas de todos os tipos."
Nesse sentido, o "21st Century Art Book" não deixa de listar entre os nomes decisivos do século que acaba de começar celebridades como Jeff Koons, Damien Hirst, Takashi Murakami e outros que há muito já extrapolaram o mundo das artes plásticas e viraram cabeças de uma indústria do entretenimento disfarçada de arte erudita.
Mas o livro tem méritos ao selecionar artistas às margens do circuito de festas, leilões e merchandising.
Figuras centrais da arte atual, como o alemão Tino Sehgal, que nem deixa fotografar suas performances, o norte-americano Theaster Gates, que vem redefinindo discursos sobre racismo na arte contemporânea, e a obra multifacetada da francesa Dominique Gonzalez-Foerster estão todos no volume.
"Queríamos equilibrar artistas que atingem grandes valores nos leilões com outros que não têm essa reputação", diz Morrill. "A ironia é que quando incluímos artistas mais marginais num livro como esse, eles também acabam se valorizando."
Na seleção, há quatro brasileiros num total de 85 artistas --Ernesto Neto, maior celebridade das artes do país, é uma escolha que se encaixa no quesito impacto visual.
Neuenschwander, Lucas e Cidade, todos operando num registro mais sutil, revelam para o mundo um lado menos espalhafatoso e mais complexo da arte do país.
Nesse ponto, o Brasil do século 21, pelo menos no olhar dos editores da Phaidon, está menos afetado, longe das plumas e paetês, e mais cerebral.
Enquanto Lucas e Cidade questionam a formação das cidades, com obras em madeira e concreto, nada coloridas, Neuenschwander se firma como arquiteta do acaso, juntando tralhas e dejetos esquecidos em busca da beleza possível em lugares improváveis.
"Sei que parece cedo demais para falar do século 21, mas a arte explodiu em termos de mercado e interesse", diz Morrill. "Isso virou um fenômeno global, e a arte passou a ser vista de outra maneira."